Hoje me apartei de algumas amarras, solucei
sozinha e retomei o fôlego. Eu não sou e não serei meus pensamentos. Meu
coração sabe o caminho do meu ser e minha existência será o único e maior
motivo de minha alegria.
Hoje eu abri a gaiola, segurei meu belo pássaro
suavemente na palma de minhas mãos, levei até a janela, olhei para ele algumas
vezes, suspirei e abri os dedos um por um lentamente. Ele voou, voou feliz e
contente para longe de mim e bem alto. Não sei dizer se aquilo foi mais
libertador para ele ou para mim. Eu não deixava de amá-lo e ele, com certeza me
amava ainda mais agora, pois reconhecia em meu ato o carinho e o bem que lhe
fazia dando-lhe liberdade. A verdade é que ele não precisava da comida e da
água que lhe dava, nunca precisou, ele sempre soube onde buscar e encontrar
tudo isso. Ele só queria voar, ser livre, ser pássaro.
Eu temi, confesso. Confesso que temi que fosse
mais feliz sem mim e jamais voltasse. E por algum tempo esse medo me assolou e
entristeceu o pobre pássaro que, agora, sentado na janela observava minhas
lágrimas com pesar. Fechei a janela e chorei mais de um quarto de hora sem
parar por sentir medo; medo e inveja. Quisera eu como ele ter asas
para voar tão alto, explorar lugares tão lindos em sua simplicidade de pássaro.
Quando abri a janela ele não estava mais lá, se fora, voara, já não mais precisava de mim e se deleitava em minha ausência, sendo esta sua maior alegria, mas qual não foi minha surpresa quando
na manhã seguinte acordei com seu canto lá fora, sonoro, contente, sacudindo as
peninhas e me presenteando com sua linda música.
Meu pássaro nunca deixara de me amar e voltava
para me visitar, fiel e companheiro porque sentira saudades; quem sabe. Ele
poderia ir para longe e não mais voltar, podia encontrar o que quer que fosse e
esquecer-se de mim, mas não. Mais uma vez me alegrava com sua beleza e doçura. Ele volta todos os dias!
Ele nunca foi e nunca será meu, ele é apenas o
pássaro que amo. Dentre os pássaros o mais belo e gentil, de mais belo canto e
encanto. E tudo que preciso é de seu amor e seu canto todas as manhãs e de saber sem
duvidar que por amá-lo tanto fui capaz de libertá-lo e ser livre. Agora posso
olhar para ele e aprender um pouco mais sobre o prazer de voar em liberdade e quem sabe
um dia eu possa abrir minhas mãos e libertar meu próprio coração dos cativeiros
por mim criados.
A doçura das suas palavras me faz viver a vida de forma mais doce e feliz. É preciso ser livre para ser feliz e ser feliz para ser livre. Condições aparentemente controversas, mas bem verídicas. Amor é precioso e vivido com liberdade é uma dádiva.
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